sexta-feira, 10 de outubro de 2014

para mães de dois filhos (ou mais)

deitei-me a pensar na D.
na verdade, a pensar na gravidez do S e a minha mente a viajar.. em como não vivo e nunca vivi o mítico "que saudades que tenho da minha barriga". claro que os pontapés o quentinho os sentimentos o ter mais um coração a bater dentro de nós, vivi-o tudo de forma muito vivida (a primeira sempre mais que o segundo, que é daquelas coisas que não nos contam), acho que sinto que gostei de estar grávida mas na segunda vez confirmei que não nasci para isto.. o cansaço extremo o vomitar intenso o enjoo constante os cheiros... Ah os cheiros todos horríveis (eu que adoro cheiros). e depois ... não é saudade, é outra coisa que me faz lembrar que decidimos ter duas crianças juntas e é só. e entristece-me um bocadinho este 'só' por não ir haver mais. e lembro-me novamente dos cheiros, o enjoar do cheiro do meu marido mas desta vez não ter qualquer pudor em dizer-lhe, e de repente lembro-me que enjoei do cheiro da minha D.. ela com uns dezasseis meses, a descobrir que eu estava demasiado cansada para me levantar muitas vezes à noite (pela gravidez), a descobrir que à primeira vez que chorava a levava para a minha cama.. e os cheiros, o que me doeu quando descobri que enjoei do cheiro da minha filha! querer aproveitar os últimos meses dela como filha única e enjoei dela. e o que fiz foi muito simples e impensável numa primeira gravidez: obriguei-me a continuar a cheirá-la. obriguei-me e obriguei-me muito. cheirei o pescoço, os pés, atrás das orelhas.. cheirei as babinhas com ela acabada de acordar. cheirei-a no fim do banho e ao fim do dia antes do banho. e apertei-a contra mim, sem ser chata porque após o sexto mês de vida, as crianças já não adoram abraços apertados infindáveis. ao aproximar-se o fim da gravidez a minha mãe propôs que desse banho à D em casa dela quando o A estivesse a trabalhar até às 24:00. agradeci e recusei. abdicar daquele momento só nosso? cansada mas a saboreá-lá e cheirá-la.. dei-lhe banho grávida pela última vez às trinta e sete semanas e cinco dias (o S nasceu quatro dias depois). peguei-a ao colo até ao dia que o S nasceu e o cheiro dela deixou de me enjoar nesse mesmo dia, mas cheirei-a sempre.

o miúdo nasceu e eu vivi a multiplicação do amor, a forma como nasceu, o olhar os sorrisos involuntários ao primeiro dia, a covinha quando sorri. mas foram também  as noites mais longas longe da D e claro, com ele a mamar à noite, sempre que ela acorda fica com o pai.

se sinto agora saudades da gravidez do S? sim, sinto saudades do cheiro "nauseabundo" da D, de dormir com ela contra todos os meus princípios de Parentalidade, de lhe virar as costas a dormir (mesmo ficando com dores virada a noite toda para aquele lado) porque ela mexe-se muuuito a dormir e eu queria proteger o mano dos pontapés.

saudades nossas minha princesa Bichinha.

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