sexta-feira, 12 de outubro de 2012

a vossa infertilidade




FIV. retiraram os 3 óvulos que estavam prontos, fertilizaram-nos.

há uns meses atrás preparavam-se para a primeira tentativa. exames, análises, consultas, vacinas, medicamentos a horas certas de dias certos. dois implementados, um congelado. uma semana e pouco depois, aquando da primeira análise ao sangue, negativo.

esperar. preparar o organismo outra vez. medicamentos, vacinas, muitos preparativos de várias semanas para apenas no próprio dia da implementação saberem se o descongelamento resultou e se o podem implementar. sobreviveu ao descongelamento e por isso chamaram-lhe Pinguim. desta vez, e mesmo sem os médicos da MAC o proporem (e muito menos recomendarem), ficou em casa alguns dias em repouso absoluto. uma semana e pouco depois, aquando da primeira análise ao sangue, positivo. dois dias depois, segunda análise, resultados muito inconsistentes. "pode repetir a análise se quiser, mas parece-nos que não há aqui grande viabilidade." repetiram. afinal mantém-se viável. parece que o Pinguim gosta de sossego e de não dar nas vistas em análises. mais uns dias e sangue. urgências, placenta descolada. baixa, repouso absoluto, muita água. fazer tudo bem, não mexer uma palha. orar por um milagre, orarmos todos por um milagre, tentar não perder a esperança. mais sangue, urgências, a placenta mantêm-se descolada, o feto está lá mas não conseguimos ouvir o coração. voltar a casa, continuar de repouso e finalmente menos sangue e alguma luz ao fundo.

silêncio. dia seguinte, mensagem (que obviamente não transcrevo). tinha acabado, ou quase. visto que o feto já devia ter saído mas não, e por isso ter de esperar se sai naturalmente (não imagino o que será esta espera), e ainda um pedido, não telefonar.

moramos longe, já passámos muitas noites juntas. gostávamos de morar mais perto, ou de não termos (as duas, sim!) tantos stresses em conduzir. passámos juntas maluqueiras de adolescentes e loucuras de jovens. partilhámos e partilhamos tanto. quase que nos posemos aos pulinhos quando descobrimos que os nossos (sérios) namorados se davam bem. preocupamo-nos com a outra genuinamente, amamo-nos, "amadrinhámo-nos" uma à outra. amigos amam-se e dão-se espaço. envio-te mensagens e sabes que estou aqui, confesso que me consome não poder fazer nada para ajudar.

e depois as inconsistências.. "não é preciso repouso" , "pode repetir a análise se quiser", "não estamos a conseguir apanhar o coração mas continue de repouso"?!??!!!!

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